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Por 24 horas, artistas fazem leitura contínua de nomes dos 111 mortos no Massacre do Carandiru

  • Foto do escritor: Lu Sudré
    Lu Sudré
  • 7 de abr. de 2018
  • 2 min de leitura

A obra é organizada por Nuno Ramos e conta com a participação de um sobrevivente do massacre


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Por Lu Sudré Caros Amigos

01/11/2016


Na véspera do feriado de finados, dia 2 de novembro, o artista plástico Nuno Ramos organiza 111 Uma Vigília Canto Leitura _ Nuno Ramos, obra artística que repetirá, por 24 horas ininterruptas, o nome das 111 vítimas do Massacre do Carandiru.


A cada hora, a contar das 16h desta terça-feira (1), a interpretação dos nomes será realizada por um artista diferente e será transmitida online. A intervenção começou com Zé Celso, diretor de teatro, e terá continuidade com os escritores Ferréz e Luiz Alberto Mendes Junior, e em seguida com Luambo Pitchou, ativista e refugiado congolês. Helena Ignez, Bárbara Paz, Paulo Miklos, Marcelo Tas, Laerte e Daiane dos Santos estão entre as 24 personalidades que darão vida à leitura contínua. 


Em entrevista à Caros Amigos, Nuno Ramos conta que a ideia da leitura surgiu após a decisão do desembargador Ivan Sartori, ex-presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, no final de setembro, que anulou o veredicto dos 5 júris que condenaram 74 PMs pelos assassinatos na Casa de Detenção Carandiru, em 2 de outubro de 1992.


Para o artista, a obra é uma intervenção cidadã. "É um quarto de século sem resolução jurídica. Pensei em atuar com aquilo que restou deles, que são os nomes, a memória", afirma. "Os mortos na invasão do Carandiru são cidadãos que estavam sob guarda do Estado e que foram totalmente excluídos de seus direitos básicos: o de continuarem vivos. É uma lembrança de que a briga não é apenas sobre distribuição de renda e educação, mas principalmente por um acesso mínimo à cidadania, essa coisa abstrata e óbvia que são os direitos civis", complementa. 


Segundo Nuno o formato da obra é inédito e os nomes serão repetidos como um mantra. "Há uma certa ambiguidade, é algo fora de formato. Espero que seja interessante. O lugar da arte não é a eficácia política mas acho que ela quebra certos paradigmas e muros que a própria eficácia cria. Espero que abra a questão para outro lado, um lado mais tocante", comenta o artista.

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