top of page

Padre Júlio Lancelotti é processado por dizer que Bolsonaro é homofóbico, racista e machista

  • Foto do escritor: Lu Sudré
    Lu Sudré
  • 17 de mar. de 2018
  • 2 min de leitura

Atualizado: 7 de abr. de 2018

"O que eu fiz não foi uma acusação, nem uma difamação. Fiz constatações”, afirma Lancelotti


ree

Por Lu Sudré

16/08/2017

Referência para os movimentos sociais, o padre Júlio Lancelotti está sendo processado pelo deputado Jair Bolsonaro (PSC), por tê-lo chamado de racista, machista e homofóbico em março deste ano. O religioso, que atua na Pastoral do Povo de Rua, discursou contra o ódio em uma missa e citou o deputado, amplamente criticado por suas declarações consideradas ofensivas, preconceituosas e intolerantes. "Eu fico impressionado que apareça nas pesquisas que uma pessoa homofóbica e violenta como Bolsonaro seja seguida por tanta gente no Brasil. Isso é vergonhoso", disse Lancelotti na ocasião. Confira fala na íntegra.


Em entrevista à Caros Amigos, o religioso afirma que foi notificado recentemente por uma juíza do Rio de Janeiro, e que Bolsonaro pede indenização por danos morais, além de retratação pública.  “Ele está colocando que eu disse coisas que não são verdadeiras. Nega que é homofóbico, racista e machista. Quem foi que disse: ‘Se você tiver um filho gay, é falta de porrada?’. Isso não se enquadra em homofobia?”, questiona o padre.

“Quem foi que disse: ‘Tive três filhos homens, na quarta fraquejei e veio uma mulher’? Quem falou: “Eu não te estupro porque você não merece’? O que eu fiz não foi uma acusação, nem uma difamação. Fiz constatações”, continua Lancelotti, endossando que as declarações de Bolsonaro são de domínio público. “Se analisar as falas do referido deputado, se vê esses elementos claramente presentes”.


Foi justamente uma dessas declarações que fez com que Bolsonaro fosse condenado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, nesta terça-feira (15), por danos morais causados à deputada Maria do Rosário (PT-RS). Em entrevista concedida em 2014, o deputado disse que a petista “não merecia ser estuprada porque é muito feia”. Em plenário, Bolsonaro já havia dirigido agressão semelhante a ela.


Segundo o religioso e apoiador dos movimentos sociais, sua defesa apresentará argumentos para que se preserve a liberdade de expressão. Ele reafirma que não pregou violência contra ninguém na declaração. “Não se tem o direito de se falar tudo o que pensa se isso fere grupos indefesos, minoritários, vulneráveis. A minha palavra é a de não aceitação e intolerância contra qualquer grupo, inclusive aos que pensam diferente. Não foi nenhum desrespeito a ele”, comenta. Lancelotti ainda lamenta que uma parcela da população e eleitorado compartilhem das ideias de Bolsonaro.


Para o padre, o aumento de episódios violentos e de intolerância representa uma encruzilhada em todo o mundo e é preciso uma oposição.  “É legítimo, em momentos de escuridão, se acender luzes.  É uma escalada de violência onde matar um sem terra e um morador de rua passa a ser uma banalidade. Não podemos esperar que matem mais seis milhões de judeus para sermos contra o extermínio de judeus. Cabe uma reflexão de como surgiu o nazismo na Alemanha e o fascismo da Itália. Hoje, temos grupos de extrema direita assumindo o poder em vários lugares do mundo contra os imigrantes. Temos que dialogar, nos contrapor e resistir.”

Comentários


© 2024 by Lu Sudré 

bottom of page